Um dia eu fui contratada pra fotografar em estúdio o time de uma academia de spinning que estava pra abrir em Vancouver, e uma dessas pessoas era a Bianca. Enquanto eu tentava fazer a Bianca relaxar para as fotos, lembro de ter perguntado pra ela ‘qual sua história?’ no que a Bianca respondeu ‘quanto tempo você tem?'.

No dia, não muito, mas semanas depois desse primeiro encontro nós fomos fazer fotos para o portfólio comercial dela em Wreck Beach, uma praia de nudismo em Vancouver, no Canada.

Uma das coisas que eu mais gosto em fotografar ensaio feminino é a possibilidade de uma conexão mais honesta e vulnerável que enquanto fotógrafa eu acho importante desenvolver com os clientes. Mas também observar cada cliente de ensaio feminino relaxar e se abrir para as possibilidades das fotos que vão sendo tiradas como uma oportunidade única de serem vistas por um ângulo único.

Quando fui fotografar a Bianca, ela teve aproximadamente duas horas pra me contar qual era a história dela e o que fazia ela estar ali naquela praia as 5 e meia da manhã (em Vancouver durante o verão o sol nasce muito cedo e queríamos pegar a luz do sol mais nascente que pudéssemos para fazer as fotos) com uma estranha tirando fotos.

Essa história, que assim como tantas outras que clientes me contam durante os ensaios femininos, ficam guardadas no privado. Mas enquanto eu ouvia uma história tão íntima, vulnerável e emocionante eu entendia que estava falando com uma mulher-pássaro que teve a gaiola recém aberta e estava começando a levantar vôo.

Bianca estava mudando de vida drasticamente, conhecendo melhor quem ela sempre foi mais nunca soube, e se permitindo voar e dançar, mas não conforme a música, e sim fazendo o próprio rítimo.

E toda essa percepção me fez retratar uma Bianca em movimento. Eu fotografei a Bianca que ri, que chora, que sente, que voa e que dança. Editando esse ensaio feminino eu acabei querendo deixar a esmagadora maioria das fotos no preto e branco, pois a fotografia em preto e branco conta uma parte da história e deixa o resto para a imaginação, o que é exatamente o que a Bianca apresenta pra quem acaba de conhecer.

Por isso eu gosto de chamar os ensaios femininos que eu fotografo de ensaio de auto-expressão. Pois eles podem ser ensaios sensuais, como também podem ser ensaios de uma mulher trabalhando, ensaio de maternidade, ensaio de uma mulher dançando livre em uma praia deserta: o que importa é que ele retrate a expressão crua de uma mulher por quem ela se sente ser naquele momento.

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