Eu estava apavorada em lançar meu primeiro produto digital.
Eu acabei de lançar meu primeiro produto digital chamando Make the Leap, que é um produto educativo e com ferramentas para ajudar outros criativos e profissionais a trocarem a CLT por uma carreira solo.
O processo de criar esse curso foi uma jornada incrível de encarar meus medos, recobrar velhos aprendizados e reunir recursos e estudos que - junto com a terapia - me ajudaram a sair de mais de 10 anos de segurança financeira e confiança profissional para me jogar no desconhecido e trabalhar sozinha em uma profissão que era muito nova pra mim.
Mas hoje eu não vim aqui vender meu curso - ele definitivamente não é pra todo mundo - eu vim contar sobre os desafios emocionais pelos quais eu passei enquanto criava.
A primeira parte desse curso é uma capítulo focado em Mindset.
Eu não acho que seja possível falar sobre o preparo para uma mudança tão grande na vida sem falar sobre o preparo do mindset para encará-la. Porque sair de um trabalho fixo e trabalhar por conta é muito mais do que ganhar autonomia sobre seu tempo e ter um pouco de insegurança financeira.
É algo que pode mexer profundamente com nossa ansiedade, medo de falhar, medo de tomar a decisão errada, medo de arrependimento, medo de não ser boa o suficiente, esperta o suficiente ou trabalhar duro o suficiente para fazer dar certo.
E se esse medo não é encarado, cuidado e re-significado, ele pode nos fazer ser duros demais com nós mesmas, adiar nossos sonhos ou até desistir deles e nos levar a um ponto que pensamos ‘eu era burra de achar que conseguiria fazer dar certo'.
Então minha abordagem sempre foi de encarar os meus medos, entender o que eles significavam e qual era a origem deles, quebrá-los em medos menores que pudessem deixá-los mais fáceis de encarar e ter um acervo de estratégias que eu pudesse recorrer quando eles batessem.
Antes de começar a criar o curso eu entrevistei várias pessoas e outros profissionais que já tinham feito o processo de mudar de carreira ou que estavam no processo da mudança para que eu pudesse entender quais eram os maiores obstáculos e medos que eles enfrentavam. E com a participação desse grupo de pessoas e muita ajuda da Brené Brown eu pude entender que o fator subjacente que dava origem a esses medos era a VERGONHA e eu não precisava ir longe pra entender isso.
Quando estava criando esse curso eu frequentemente me questionava:
O que que eu sei e quem eu penso que sou? >> Tem muitas pessoas melhores e mais qualificadas que poderiam ensinar o que eu ensino. >> Eu sou arrogante demais por achar que posso ensinar alguma coisa a alguém.
E quando eu selecionei cada um desses pensamentos e quebrei eles em partes menores para entender o que eles significavam e da onde eles vinham eu percebi que a maioria deles tinha os seguintes significados:
Medo de fracassar e de ser julgada - ‘ninguém vai comprar isso’ / ‘eu vou ser uma piada’
Medo de ser julgada - as pessoas vão dizer ‘quem você pensa que é’ / ‘o que você pensa que sabe’
Medo de ser rejeitada e de ser julgada - perder os meros 900 seguidores que tenho no Instagram
E cada um desses medos, que têm origem no medo de julgamento, pode ser re-significado como vergonha, que significa -
“O sentimento mais primitivo que temos. vergonha é o sentimento intensamente doloroso ou a experiência de acreditar que somos defeituosos e, portanto, indignos de amor e aceitação.”- Brené Brown
Quantas pessoas você conhece que:
Querem começar a abordar um tópico no instagram, ou escrever um blog, pra se tornarem referência no assunto mas tem muita vergonha de aparecer (muita gente tem vergonha de ser chamado de ‘blogueirinha')
Querem estudar uma coisa nova nos seus trinta e tantos anos mas têm medo demais de serem julgados por serem ‘velhos demais pra mudar de carreira'
Ou até mesmo querem viajar sozinhos, explorar suas sexualidades, se vestir de forma diferente do que sempre se vestiram, abrir mão do cargo alto e estressante que possuem, trocar de carro, cortar franja, ou seja lá o que signifique uma grande mudança aos olhos de quem os vê… mas tem medo demais de serem julgados?
O medo do julgamento pode fazer com que a gente se esconda de nós mesmos e dos outros o tempo todo, nos tornarmos pessoas diferentes do que realmente somos ao ponto que que passamos a vida toda sendo uma pessoa que nem existe. E quando eu me dei conta do quanto de mim eu estava segurando de ser autêntica pelo medo do que os outros pensariam eu consegui ter clareza sobre as estratégias para me ajudar a lidar com esse medo em particular:
A PERGUNTA ‘E DAÍ'
Eu sou um medo ambulante e aprendi na terapia que sentir medo é uma característica sine qua non minha - eu sempre tive e sempre vou ter, eu só preciso aprender a lidar com eles. Então um dia eu resolvi listar todos os meus medos, assim como eu mostrei no parágrafo acima - e depois me perguntar quantos ‘e daí’ fossem necessários até eu acabar com todas as respostas. O legal de perguntar ‘e daí’ é que além e ajudar a desembalar nossos medos, também nos ajuda a encontrar as soluções.
Medo: Falhar e ser julgada - ‘ninguém vai comprar’ / ‘vou ser uma piada'
E daí? Eu vou me sentir um fracasso e o tempo que gastei fazendo o curso vai ter sido em vão
E daí? Eu vou trabalhar em outras estratégias de venda e vou continuar melhorando o produto
E daí? Ele eventualmente vai vender e eu vou ter aprendido como criar e vender um produto digital
E daí? Eu vou ter ganhado novas habilidades e uma nova fonte de renda
2. QUAL MEU MAIOR MEDO
Um dia uma amiga me perguntou qual era meu maior medo e eu não tinha uma resposta pra isso. Ainda que eu tenha vários mini medos que podem me impedir de fazer algumas coisas, eu não sinto grandes medos no meu dia-a-dia, então eu levei essa pergunta pra casa e pensei nela vários dias. Até que eu me dei conta que meu maior medo na vida era -
Viver uma vida que não me pertence e não viver minha própria história
Eu tenho verdadeiro pavor de olhar pra trás e me dar conta que eu podia ter feito muito mais e vivido muito mais do que eu gosto de fazer que o meu maior medo é me arrepender de não ter vivido a vida que eu sempre quis - ou pelo menos tentado. Nas palavras de Brené Brown -
Assumir a nossa história pode ser difícil, mas não tão difícil como passarmos nossas vidas fugindo dela. Abraçar nossas vulnerabilidades é arriscado, mas não tão perigoso quanto desistir do amor e da pertença e da alegria - as experiências que nos tornam mais vulneráveis. Só quando formos corajosos o suficiente para explorar a escuridão vamos descobrir o poder infinito da nossa luz.
Portanto cada vez que meus medos - principalmente o do julgamento - vem aparecendo de mansinho eu lembro da minha maior verdade e junto tudo o que eu posso para superá-los.
3. LEMBRAR O QUE REALMENTE SIGNIFICA O JULGAMENTO E ESCOLHER AS PESSOAS CUJOS JULGAMENTOS CONTAM PRA MIM
Como todos temos a necessidade intrínseca de pertencer é natural que nos importemos com o que os outros pensam. E isso não só é ok como é humano. A chave não é não se importar, mas selecionar as pessoas cujas opiniões nos interessam.
'Julgamos as pessoas nas áreas em que nós mesmas somos vulneráveis à vergonha, atingindo sobretudo quem está fazendo as coisas pior do que nós. Se me sinto bem em relação à educação dos filhos, não tenho interesse em julgar as opções de outras pessoas. Se me sinto confortável com meu corpo, não saio por aí zombando do peso ou da aparência de ninguém. Somos cruéis umas com as outras porque usamos essas mulheres como alvo de nossas próprias insatisfações com as deficiências vergonhosas que carregamos.’
Ou, nas palavras do meu terapeuta ‘a inveja e o julgamento é reconhecer em nós mesmos a incapacidade de conquistar o que o outro tem'. Saber disso nos faz questionar a real motivação daqueles que nos julgam, e também as inseguranças que podemos notar em nós mesmos quando julgamos os outros. Também é importante lembrar do que Teddy Roosevelt disse:
Não é o crítico que importa, nem aquele que mostra como o homem forte tropeça, ou onde o realizador das proezas poderia ter feito melhor. Todo o crédito pertence ao homem que está de fato na arena; cuja face está arruinada pela poeira e pelo suor e pelo sangue; aquele que luta com valentia; aquele que erra e tenta de novo e de novo; aquele que conhece o grande entusiasmo, a grande devoção e se consome em uma causa justa; aquele que ao menos conhece, ao fim, o triunfo de sua realização, e aquele que na pior das hipóteses, se falhar, ao menos falhará agindo excepcionalmente, de modo que seu lugar não seja nunca junto àquelas almas frias e tímidas que não conhecem nem vitória nem derrota.
Então quando o julgamento chega, lembre-se que não é o crítico que importa, e se eles não estão na arena lutando com valentia e fazendo o deles, seus julgamentos e opiniões sobre o que fazemos pouco importam.