Sobre encontrar paz no desconforto

Desde que eu voltei de viagem - passei quase dois meses longe de casa - eu me dei conta que muito do que eu tenho hoje na minha vida esta passando por um processo de transição (pra não dizer fim). É a beleza - e a dor - da impermanência da vida. 

Nós estamos nos mudando temporariamente para o Brasil e a minha casa já não vai mais ser minha, e eu vou morar num lugar que também não é meu, além de toda mudança de carreira para a fotografia. 

Quando o temporário acabar, já não sabemos bem pra onde ir, já que muito do que (quem) a gente conhece por aqui também não vai mais estar por aqui, e o que tem do outro lado eu não estou preparada pra encarar como permanente *mesmo sabendo que nada é.

Hoje eu já nem tenho tanta certeza se casa é um lugar, uma cidade, um estado de espírito… logo eu que sempre tive tanta certeza que ‘casa’ é a onde estão as minhas pessoas. 

Só sei que em meio a incertezas e um pouco de caos, eu me vi fazendo yoga sete vezes em sete dias desde que voltei. Assim, sem pensar. Eu sempre tive uma relação de amor de carnaval com exercícios físicos. Tenho um lance com o boxe, o Crossfit, a corrida, o funcional - geralmente no verão - mas depois que acaba, acaba de uma vez e não deixa nenhuma saudades. 

Agora pra yoga eu sempre acabo voltando. Uma hora ou outra, mesmo com meses de distância, eu me vejo sendo atraída para o tapete, e dessa vez foi meio sem pensar. Quando eu vi eu tava alcançando o calcanharzinho de novo no chão no meu ‘cachorro olhando pra baixo’ sem muito esforço e agradecendo a resiliência do meu corpo preguiçoso por lembrar rapidinho de todos os movimentos.

A minha interpretação disso é que em meio a tanta impermanência e falta de controle, o meu corpo é a única coisa que eu consigo controlar e administrar no momento, so be it. Deixo a impermanência do resto fluir e a yoga continuar me ensinando a encontrar paz no desconforto.

PS: não, essa não sou eu na foto. quem me dera ter essa abertura pélvica rs. Essa foto é de um ensaio feminino de auto-expressão que eu fotografei no Rio de Janeiro.

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A beautiful mess.

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Retiro auto-infligido em Porto: tomando controle sobre as coisas que eu nem cheguei a perder o controle ainda (control freak alert).